Ambientalistas e ruralistas disputam comissão

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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
http://carlinolima.blogspot.com/2010/02/ambientalistas-e-ruralistas-disputam.html

Deputados das bancadas ruralista e ambientalista disputam de forma acirrada o comando da Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados. Reservado ao Democratas por critérios internos de divisão na Casa, o cargo terá peso político em um ano que deve guindar as questões ambientais ao centro da campanha presidencial. Além disso, a comissão terá influência direta em eventuais alterações das leis ambientais.

Maioria na estratégica comissão, os ruralistas trabalham nos bastidores para emplacar o deputado mineiro Marcos Montes (DEM) no cargo. Parlamentar em primeiro mandato, o médico tem ligações com a pecuária do Triângulo Mineiro e já comandou a Comissão de Agricultura em 2007. Montes também foi vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente no ano passado. Ele tornou-se adversário de ONGs ambientalistas ao relatar um polêmico projeto de lei que anistiaria desmatamentos irregulares realizados até 2001 e permitiria a recuperação florestal com espécies exóticas na Amazônia. “Aproximamos o discurso entre as bancadas justamente porque ficamos mais presentes lá”, diz Marcos Montes. “Não há radicalismos, discutimos de igual para igual com os ambientalistas e podemos agora consolidar esse consenso”.

A bancada ambientalista rejeita Montes e costura apoio suprapartidário ao baiano Jorge Khoury (DEM), ex-secretário de Meio Ambiente da Bahia na gestão do governador Paulo Souto (DEM). Considerado um “neoambientalista”, Khoury tem a simpatia de ONGs e mais trânsito na cúpula do partido. A bancada também cogita apoiar outro parlamentar baiano: Luiz Carreira (DEM), ex-secretário estadual de Planejamento na gestão de César Borges (PR).

Líder da Frente Ambientalista, o deputado Sarney Filho (PV-MA) afirma haver acordos políticos firmados com os principais partidos para evitar a influência decisiva de ruralistas na comissão. Em 2009, os ruralistas mudaram a estratégia de isolamento e passaram a ocupar espaços políticos na Comissão de Meio Ambiente. “Eles têm maioria, mas houve uma mudança. Falamos com PSDB, PT e DEM e os entendimentos são para que não mandem ruralistas para lá”, diz o deputado. “O DEM ficou de escolher entre o Carreira e o Khoury. Espero que sejam cumpridos esses acordos”. Para ele, as conversas com os maiores partidos da Câmara refletem a “preocupação” das agremiações com a campanha ao Palácio do Planalto. “Vamos cobrar responsabilidade desses partidos grandes que pregam proteção ambiental, mas que querem mudar o Código Florestal. Vamos denunciar isso”, promete Sarney Filho. Em reunião com ONGs ambientalistas, parlamentares decidiram lançar um manifesto para “desmistificar” os principais pontos defendidos pelos ruralistas nos debates sobre a reforma das leis ambientais.

Uma das principais lideranças ruralistas do Congresso, e bastante influente em seu partido, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) afirma que “há forte consenso interno” em favor do deputado Marcos Montes. “Tudo indica que ele será o presidente. Ele tem um perfil conciliador e tem ampla legitimidade no setor para debater assuntos ambientais”, diz. Kátia Abreu é presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA). (Valor Econômico)

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